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E agora, Izabel?

sábado, 23 de março de 2013.
Impressionante!!! Uma mera pergunta feita por um amigo: Ei meu bem, como vc está?? Caramba, ferrou tudo, pois foi suficiente para eu encará-lo, por alguns infinitos segundos e responder: Eu não sei como estou, não sei como te responder isso (risos)  e nesse momento,  imagina um par de olhos azuis arregalados, me encarando, afinal num era essa resposta que ele esperava e de repente um silêncio mortal, feroz e implacável se instaurou e tive uma vontade louca de chorar, mas daqueles prantos copiosos e tombar os ombros em rendição, mas novamente lancei meu sorriso farto e largo e suspirei.
Caracas, eu não soube responder uma pergunta tão simples, que muitas vezes respondemos no modo piloto: Estou bem!! E por mero formalismo e pseudo-educação retribuímos: E você??
Bem, eu não fiz nem isso e nem aquilo, simplesmente estarreci.
Eu ando pensativa demais nesses últimos dias, a ponto de perder o sono, de perder o apetite e o tesão por algumas coisas que me eram imprescindíveis, pois esse querer entender o porquê de certas coisas  me traz mais confusões, incertezas, incoerências, insignificâncias e abstrações e novamente eu sorrio, porque é a única coisa gratuita que tenho para oferecer nesse momento.
E um poema de Carlos Drummond de Andrade tem persistido nesses dias, então compartilharei...
 
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?


Teogonia: Poema de Hesíodo de mais de 10.000 versos acerca da genealogia dos deuses.

1 Comentário:

Bell Dourado disse...

Uai...os comentários estão vindo normalmente, então meu povo, num mintam pra mim, q coisa feia, kkkkkk

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